terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Apenas uma análise (Tragédias)

Certa vez, um homem disse que a dor, nos faz crescer e reaprender a ser humanos. Não posso descordar.
O que temos vivido nessa última semana, estão sendo dias difíceis, dias que não imaginaríamos viver para ver.
Morte, destruição, desolação, lamentos, choro, vidas ceifadas de uma maneira tão dramática...
É, parece que nada poderia ser pior, e não pode. Mas, o que se pode tirar de bom, de algo tão ruim?
Muitos podem me chamar de insensível, e alienado, mas eu lhes garanto que não sou, segurei o choro muitas vezes, ao ver amigos próximos perderem tudo ou escutar histórias horríveis, para não piorar a situação do lamento. Tento em poucas palavras, apresentar uma visão simplificada de um fenômeno que acontece sempre nas mais diversas sociedades, e que vemos agora de perto.
O que tenho visto, é algo muito bonito: O Brasil inteiro se mobilizando, a cidade de Petrópolis toda ajudando, pessoas que nunca doaram sangue, enfrentando filas de 3 horas pra isso, padarias liberando pães sem nem saber ao certo quem os comerá, farmácias, maercados, moradores, todos, juntos!
É algo que eu também nunca pensei viver pra ver!
Um condomínio, onde moram pessoas fechadas, reclusas em seus apartamentos sociais, nessas horas, tocam a campainha ao lado, e dizem: "Boa tarde vizinho! Estou coletando doações, você teria alguma?", "Claro! Entre!".
Será que algum dia esses vizinhos se falaram ou cogitaram a possibilidade de convidar um ao outro para entrar?
É nessas horas, que a gente sai pelas ruas, conversando com todos, levando noticias, contando casos a pessoas que nunca vimos!
É nessas horas, que tiramos nosso fone de ouvido para ouvir a conversa ao lado, para saber de mais coisas, ou até mesmo se intrometer no papo alheio!
É nessas horas, que pedimos até mesmo àquele sujeito que sempre olhamos torto!
É nessas horas, que vamos até a casa do vizinho chato limpar seu chão, coberto de lama!

É nessas horas, que fazemos novos amigos!
É nessas horas, que servimos almoço para mais de 40 pessoas na nossa casa, que acabaram de perder as suas!
É nessas horas, que pessoas que nunca trabalharam, saem as ruas para limpar o chão, carregar donativos e separar roupas!
É nessas horas, que damos carona a um desconhecido que está passando pela rua lameada!
É nessas horas, que dispomos nosso próprio carro, para levar alimento a qualquer lugar! mesmo que isso custe a suspensão do veículo!
É nessas horas, que surgem heróis anônimos, prontos a se sacrificarem para salvar o próximo!
É nessas horas, que conseguimos cumprir o mandamento!
É nessas horas, que corações de pedra que nunca choram, se derramam em lágrimas!
É nessas horas, que lembramos de ligar para aquele parente distante que mora em área de risco!
É nessas horas, que pais que não falam mais com os filhos, se reconciliam!
Dentre tantas frases, É nessas horas, que infelizmente percebemos que é necessário muitos morrerem, para salvar aqueles que estão mortos há muito tempo!
Vítimas de uma sociedade egoísta, egocêntrica, capitalista e esmagadora! Somos todos mortos que acabaram de ressucitar, graças àqueles verdadeiros heróis, que perderam suas vidas, para salvar a minha e a sua!
Não fiquemos de luto simplesmente, mas avançemos em amor fraternal, e não nos esqueçamos dos sacrificios vivos, oferecidos em nome de todo o Brasil, na madrugada de 12/01/2011.

Lucas Vizani

4 comentários:

  1. Esse texto descreve um pouco do meu sentimento com relação a isso tudo. Infelizmente pessoas tiveram de ser mortas, para que outras aprendessem a ser solidárias. E uma grande expectativa fica, será que depois que isso tudo passar as pessoas resolverão aprender a amar o próximo todos os dias ou esperarão o próximo desastre acontecer?

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  2. Sem palavras!

    Sejamos solidários...SEMPRE.

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  3. Excelente! Parabéns! Falou tudo!

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  4. Elisa

    Lucas, seu texto resumiu TUDO. E espero mesmo que essa tragédia esclareca os coracões das pessoas. Não tem aquele famoso ditado? "Há males que vem para o bem."

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