Borges, em La biblioteca de Babel (Ficciones, 1944), flerta com a ideia de que a torre de Babel, na verdade, seria uma enorme biblioteca que contém todas as informações e possibilidades do universo e da mente humana - uma concatenação de tudo -, e que o ser capaz de decifrar todos os volumes de todos os livros contidos nessa biblioteca seria, na verdade, o Deus.
A narrativa bíblica, por sua vez, conta que os homens antigos resolveram construir uma enorme torre que tocasse os céus, que chegasse às nuvens, e fizesse do homem, um ser inefável. Essa torre, fruto megalomaníaco da mente coletiva humana, seria a intenção de aprisionar Deus em uma obra feita pelos homens, ou seja, o entendimento teológico pleno, uma "kabbalah perfeita" que contém todos os mistérios do universo.
Não vejo porque não entender as duas visões, a bíblica e a de Borges, como sendo entonações diferentes para uma mesma metáfora. Para mim, claramente, dizem da mesma coisa.
Mais o mais interessante disso é a sua analogia contemporânea: no nosso tempo, o homem, em sua megalomania de conquistar a Verdade, resolve construir uma enorme biblioteca de conhecimento, que abrange todas as conquistas da inteligência em um único local que, ironicamente, chamamos de nuvem. Ainda tem aqueles que brincam como a ideia nem tão inocente, de que o Google seria Deus.
A grande falácia, talvez, seja pensar que tudo isso é novidade.
Mais o mais interessante disso é a sua analogia contemporânea: no nosso tempo, o homem, em sua megalomania de conquistar a Verdade, resolve construir uma enorme biblioteca de conhecimento, que abrange todas as conquistas da inteligência em um único local que, ironicamente, chamamos de nuvem. Ainda tem aqueles que brincam como a ideia nem tão inocente, de que o Google seria Deus.
A grande falácia, talvez, seja pensar que tudo isso é novidade.
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