segunda-feira, 2 de março de 2015

Dos benefícios do esquecimento

Ah, se tu soubesses o que passa nas imemoriosas cicatrizes que guardas dentro do peito! Mas não! A ineficaz capacidade humana de esquecer da própria dor se encarrega de cegar-lhe os olhos do passado!
Vê? Já não se lembras mais!
Qual muro chapiscado foste responsável por arranhar-te os sentimentos?
De que ferida a casca seca e se desprende, a fim de ser decomposta em bactérias supérfluas?
Esquecestes...
E como os ventos, que vão e vêm, e trazem nova brisa, ainda que da mesma origem, continuas a percorrer o labirinto do coração! A cada armadilha, a vaga sensação de já ter passado por ali...
Ah, memória! Por que faltas aos teus senhores quando precisam de ti? Por certo não se abstêm quando lhe convém?
Felizes daqueles que se esquecem, ainda que, doravante, passem pelos mesmos percalços!
É melhor esquecer e reviver, do que lembrar e remoer!

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