O querer é confundido com a vontade. Me parece que a vontade é aquilo que vem de dentro, o querer do meio termo. Não posso dizer de fora de onde, por certo, vem a influência, mas da fronteira, da fina ligação entre o interior e o exterior. O querer é aparente, e passa rápido como uma faísca de vontade. O perigo mora na insistência em confundir os dois. Não satisfazer um querer não mata a vontade, que continuará latente em algum lugar. Não satisfazer a vontade, ou melhor, não procurar modos de a fazer valer, parece matar aos poucos aquela fé interior. Ambos coexistem, é simbiótico. Um quer do agora, o outro deseja do eterno. Somos esse elástico, que ora contrai para o presente, ora se estica para abraçar o futuro. Não se pode querer amarrar a vida sem a capacidade de se esticar. Há de se tornar flexível, ou engessar-se e fazer valer de nós para conter a alma. Remendos em um elástico que já não se estica. A alma é fluida, se adapta. O corpo é seu método. Querer e vontade se abraçam em harmonia, ou brigam até que o elástico se rompa.
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