O espectro flutuante dos espelhos me remetem a tons de cinza. As únicas variações que meus olhos alcançam segue um ritmo descompassado e sem graça. Como uma máquina de escrever velha, digito as manchas negras de um coração abatido, ferido. Se cicatrizou, posso apenas conjecturar, fato é, que as coisas perderam seu brilho - por um bom tempo.
Mas é aí que as coisas acontecem. É preciso uma vida monocromática para aprendermos a dar valor a todo o espectro de cores. O arco-íris só é belo pra quem aprende o seu valor, que não pode ser comprado nem adquirido por forças próprias: ele é um presente. E a vida, por mais que a maioria não acredite, costuma presentar aqueles que aprendem isso. Não sou digno, nem fiz por onde merecer mas, por já ter corrido atrás com minhas próprias forças, sei o quão valioso é receber tão linda dádiva.
Ontem, escrevia sobre uma pilha de cinzas.
Hoje, consigo ver o pote de ouro no final do arco-íris.
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