segunda-feira, 28 de julho de 2014

Aqueles canarinhos

Era aquela junção de tanta gente, assim, no sangue mesmo. Todos tinham aspectos em comum - nos jeitos, trejeitos, desejos...
Era quase que belo, se não insistissem em esconder isso.
Minto. A beleza era-lhes inegável! Mais do que percebê-los, era sê-los. Quem era nasceu na dança, não precisava pedir permissão para entrar!
Éramos.
E por mais que insistissem em nos fazer de tolos, ríamos por último a gargalhada concentrada das ironias da vida.
Brasileiros.
Era disso que nos chamavam. Éramos mais que isso também. Não pelo sentimento à pátria, forte, impávida, colossal. Mas por carregar na pele, olhos, bocas, cabelos e coração as virtudes e desafios do mundo todo, escondidos nas entrelinhas de um dna mestiço. Sendo estandartes vivos de uma tropa que ainda insiste em ocupar o mundo inteiro, ainda que sem guerras.
Entretanto, não nos entendíamos. Não sabíamos o que éramos. Meio que órfãos, sem uma árvore genealógica bem definida.
Adolescentes.
Teimosos e pirracentos.
Brigas infantis e preconceitos estúpidos...
Mas acima de tudo, imprevisíveis.
E imprevisibilidade é aquilo que pincela a beleza e extrai da admiração o gosto do novo.
O bom novo.
A boa nova.
A união.
Éramos tudo isso.
E mais um pouco...

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