sexta-feira, 22 de maio de 2015

Culto ao erro

Errai!
Oh, homem que ama!
Andai aos tropeços
Bebericando as carícias de quem lhe rouba o coração!

Errai!
Como todos os que vieram antes de ti!
E, quando já não bastar teu próprio amor,
Designa como necessário a tua existência
A reciprocidade de quem tu não podes controlar!

Errai!
Mas não percebeis o erro
Até o dia em que não mais reconhecerdes vossa imagem
Até o dia em que já não saibais definir quem és!

Errai!
E já sem definições ou noções de auto-suficiência
Sucumbais ao amor de quem talvez não possa dar-lhe, em troca, outra existência!

Errai!
Como arlequino inocente de tua fragilidade,
Descubrais no outro a tua própria brevidade!

Errai!
Por matardes teu orgulho, que já não suporta o eterno movimento
Dos corpos em dança que tira da alma um novo nascimento!

Errai!
Por estar disposto a sacrificar teu mundo fixo, prolixo, que reflete a si mesmo em eterno retorno
Que fez d'água líquido morno provocando vômitos existenciais

Errai!
Por já não ser mais quem era
Por abraçar a impermanência
Por saber que é vã a própria existência
Se não puderes morrer nos braços de teu amor!

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