terça-feira, 8 de setembro de 2015

A esperança que surge na angústia do cotidiano

Brota-me um credo
Como fungo que nasce de um salto
Mostra-se adulto
Logo apos ser um feto



Não haveria hora mais própria
De se surgir, do meio do nada
O pensamento que me exorta
Trazendo alento ao estado de minh`alma torta
O mistério do dia de amanhã
Que escapa-me por entre os dedos metafísicos
Responsáveis por agarrar as ideias vis
Que perpassam o doce campo psicossocial
E tracejam exalando aroma de anis
O homem que sou hoje
Já não me basta por outrora
E eis que o que hei de ser
Por certo, imperfeito, embora
Será melhor que o que fui agora
Choro cascatas secas de remorso
Por não desaguar nos mares da vida
Se sorrio o que me basta
É de rio, a inconstância que endosso
Mas se já não me bastas o que vejo em mim
Como poderia, enfim
Enxergar algo além deste tolo que só pensa o ruim?
Ah, maldita prisão espaço-temporal!
Tuas grades frias até a espinha social
Abarcas na malha infinita a minha alma
Condenada por teu mapeamento astral!
Nadarei até os confins do zodíaco
Exercitarei até o último fôlego
E quando aos passos, já não me permitires a força do ilíaco
Torno-me cúmplice do maior desapego
Que é de mim desfazer
E já não mais ser o que me define o ego.

O Universo se constrói a partir de curvas

Dobrou-se o tempo
O tubo neural
A pleura
E a dobradiça do real

O joelho também dobrou-se
Em prece matinal
Os punhos cerraram
A falange distal
Trouxe ao próximo
A máxima da sorte:
Quem deverá se curvar
Do beijo da morte
Provará
Dobrou-se a vida
Promoveu mais um encontro
Os que estavam por lá
Abraçou os daqui
Eis que de fora do tempo veio a sentença
E penetrando no físico, abriu certo espaço
Círculo de energias dissipativas
E aquelas que nos agregam
Entrelaçou os dedos aos dedos de deus
E dançou
Perpetuando na eternidade a única lei existente
Com a tua mente haverá de dividir
E por teu espírito haverá de reunir
Todos os que outrora separou
Dirás um dia que os amou
Respeite a máxima da vida
Não agregues fora do tempo
Não dividas o que se juntou
Permita a todas as coisas o seu próprio espaço
Dobre-se ao caminho
Que há de permitir todos os encontros
Que há de tirar do tempo
A relatividade da vontade
Dobre
Que até a luz permite curvas
Dobre
Que por trás da contração de um músculo
Se esconde o poder de deus
Deus é uma dobradura no tempo-espaço
O homem, em sua vaidade, traçou uma linha reta para os planos divinos
Tolo prepotente
Que tenta determinar a vontade...
Teu preço é o mais alto de todos
Pois seguiste como um vetor
Por uma estrada curvilínea
Há o caminho da mente
E há o caminho do espírito
E por mais que tente
Apenas a um seguir
Ambos hão de manifestar
A graça do porvir.