Não sei dizer assim tão lógico
Se palavras que quero expressar
Se atrasaram pro vocabulário
Dessa língua apressada que me ensinaram
Sílabas se atabalhoam
E dizem sem dizer
Por atropelar o entendimento
Que vive noutro tempo
Mais completo mais inteiro
Que engloba o meu ser
Recolho-me então
Ao microcanto do silêncio
Que espreita a cada vírgula
E em guarda, como a víbora
Dá o bote impercebível
Por aceitar o escuro terrível
Não há tempo a se perder
Nem a se ganhar
Há que se perceber
Que o tempo perfeito está
Sempre esteve e sempre estará
Pro navegante que se propõe a desbravar
A linguagem é traiçoeira
E se esconde em espelhos
A metalinguagem é uma chave
Para se escapar da ratoeira
A víbora atacou
E mordeu sua própria cauda
A língua se mordeu
E por fim compreendeu
O mistério colocado
Nessa língua apressada que me ensinaram.
Nenhum comentário:
Postar um comentário