quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Dor de parto

Embora fôssemos um
Mostrava-mo-nos aos pares
Nos bares,
Em lugar nenhum...

Agora fico eu,
Parte de mim
Não bastasse um adeus
Quis o fim

De uma gestação complicada
Tu, que me consumia
Que me escarnecia

A dor que sinto
É dor de alívio
É dor de parto

E parto-me
De ti
Pra mim.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Ser

É possível
Ser possível
Que o invisível
Nada é?

Ser infinito
Sem conflito
De tudo maldito
Que anda a pé?

Mas o que digo
Senão consigo
Por meu umbigo
Saber qual é?

Como o universo
Caibo em um só verso
Um tanto perverso
Sem ter a fé?

Basta-me ser
E crer pra ver
E perceber
Que nada sou...



E a poesia sem talento
Perdeu no vento
Se deu ao tempo
E tornou ao pó.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Da arte de cagar

Mesmo viajando meus devaneios não me deixam em paz! Cidade linda essa tal de Fortaleza, pessoas excelentes esses cearenses! Ainda sim, sofia encontra espaço para falar - e como fala! - antes de dormir na noite anterior, agraciou-me com mais pensamentos. Ei-los.

Disse outro Lucas sobre o assunto a algum tempo atrás, e me recordei dele ao pensar quase o mesmo. Essa é uma arte realmente curiosa. Quase sempre em rodas de amigos, o assunto entra em cocô. Piadas sobre o mesmo. Maneiras diferentes de se cagar. Técnicas eficazes para se soltar em "locais públicos". São infinitos os assuntos que rodeiam o pequeno marrom. Mas quero realmente ir a fundo nisso hoje - na verdade fui ontem, mas só na cabeça.
Fato é, que encaramos a coisa de várias formas ao longo da vida, e cada um, de seu próprio jeito. O paralelo que pretendo traçar, é justamente esse, o de encarar as merdas que fazemos na vida, assim como encaramos a merda que fazemos no vazo.
Crianças têm um jeito peculiar de encarar seus dejetos. No começo, usam fraldas: fazem a qualquer hora e em qualquer lugar - depende dos pais cuidarem para que a coisa seja descartada corretamente. A medida que crescem e amadurecem, aprender a fazer sozinhas no vazo, mas ainda sim, chamam a mãe para limpar e ainda se despedem da obra-de-arte recém criada. Mais tarde, já se limpam sozinhas e, dependendo dos hábitos da família, aprendem a dar descarga corretamente (com a tampa abaixada) ou não. 
Ao estabelecer seu método preferido de se limpar e fazer (lendo, jogando, na internet...), o individuo está apto a fazer do cagar, uma arte ou um desgosto. Pois bem, o que isso tem a ver com a vida, meu Deus?

Fazemos merda. E isso é um fato que ninguém pode negar, pois ninguém é perfeito. Erramos, sim. Nos arrependemos, às vezes... Mas de certa forma, aprendemos a lidar com o fato (ou não). Tracemos os paralelos:
Tem gente que vive fazendo - Como o recém-nascido, que usa fraldas;
Tem gente que faz merda e depende dos outros para limpá-la - Como a criança que depende da mãe;
Tem gente que finge que não faz, mas faz, e fede - Como pensamos as vezes de modelos, pessoas perfeitas que não cagam;
Tem gente que bota a culpa nos outros - E ainda diz que não ta sentindo cheiro nenhum!
Tem gente que insiste em criar um sentimento com a besteira que fez - Como a criança que dá tchauzinho;
Tem gente que não aprendeu a minimizar o efeito, e acaba piorando a situação - Como quem não abaixa a tampa e espalha partículas pelo banheiro;
Tem gente que só faz escondido - Como quem só consegue fazer em casa;
Tem gente que sempre arranja uma desculpa lógica pra merda que fez - Como quem faz lendo;
Enfim, existem muitos paralelos sobre o assunto que, como já disse, é sempre infinito.
E aí é que está. Será que devemos encarar as besteiras que fazemos na vida como um simples cocô que vai pelo ralo? Esse mesmo dejeto fará parte de um enorme esgoto que carregamos pro resto da vida se não aprendermos a lidar com o fato higienicamente. Não adianta querer depender sempre de outra pessoa para limpar aquilo que você fez ou então, querer esconder: o cheiro condena.
Que aprendamos conosco os pormenores da vida. Como um simples ato fisiológico pode nos ensinar a lidar com os problemas que causamos!
Termino aqui esse devaneio deveras fedorento. Que possamos dar a descarga, abaixar a tampa, e a cuidar do esgoto que causamos.

Fortaleza -13/02/2013

Da série Paralelos: formas diferentes de se dizer a mesma coisa.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Biscoitos

Há quem prefira a primeira mordida; 
Há quem prefira o começo de tudo;

Tem uns que se acham a ultima bolacha;
Outros, se esforçam para não sê-la;
Há quem procure lá no fundo,
E remexa até nada mais restar;
Há quem coma só a metade,
E deixa o resto pra depois;
Tem aqueles que procuram pelo rótulo,
E uns, comem o que tiver;
Há quem prefira amanteigado
Outros, salgado,
Mas é tudo questão de gosto mesmo!

Mas no meu caso, por dentro, estão todos quebrados,
Aberto, num canto qualquer.

Mas saibam:
Coração decepcionado, é como pacote de biscoito aberto:
Você nunca sabe se amoleceu, até provar.


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Versões

Dizem que anda por aí

Uma versão de mim

Um cara pior, mirim
Que pra mim, melhor seria eu
                           Enfim...

Versão andante
              Ambulante

Sem pé nem cabeça
Voa sem asas
        Dorme no chão

Dizem que sou assim
Mas não!
É essa versão de mim!

Não se enganem,
                                 outro Eu só existe
Em fazer de mim
                                  um ser triste...



 "A verdade é singular.
Suas versões, mal-entendidos."

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O poder da contra-informação - um desabafo de fé

Dia 03/02/2013 rolou uma entrevista em rede nacional com o famigerado Malafaia no "De frente com Gabi".  Não preciso dizer dos montantes de comentários tecidos à respeito, tanto por parte dos defensores do indefensável, quanto daqueles que se sentiram ofendidos por suas argumentações que beiram ao ridículo (sim, faço parte desse segundo grupo por sentir que minha capacidade intelectual foi desprezada e jogada no esgoto com as frases célebres do magnata evangélico).
Quem me conhece sabe que tenho Cristo como centro de tudo e que também, cresci em uma Assembléia de Deus. Mas, infelizmente tive de romper com esse "movimentosinho evangélico brasileiro" por causa da quantidade absurda de coisas que definitivamente não são o Evangelho e que apagam o verdadeiro sentido que Cristo veio dar aos homens (amor).
De fato, o budismo, por exemplo, está muito mais próximo de Cristo que o cristianismo.

Aos amigos que leem aqui de vez em quando e que, assim como eu, se sentem ofendidos por um cara como esse, eu repito: ISSO NÃO É EVANGELHO.
Infelizmente o nome "evangelho" já está manchado há muitos séculos e o de Cristo, já nem serve quase que para chamá-lo. Eu não sei outro nome para designar a BOA NOVA que Ele nos trouxe, se assim o soubesse, com certeza usaria.

Pois bem, escrevo esse texto porque não aguento mais. O sapo que me tentam enfiar goela abaixo (tanto pelos amigos "crentes", quanto pelas besterias "em nome de Deus" que ouço por aí) é grande demais. Entalou e agora, preciso vomitá-lo. Me desculpem os que se sentirem ofendidos por esse texto, realmente não é minha intenção atingir a fé de vocês, MAS, se a fé de vocês for atingida por isso, infelizmente, ela não é a fé em Cristo.
Sabem aquele episódio, narrado nos evangelhos - que ironicamente, são utilizados como argumentação barata para falcatruas - de quando Jesus entra no templo e sai quebrando tudo porque não aguenta mais ver o que se faz no nome dEle????
É, bem esse o meu sentimento hoje. Não só o meu, mais o de tantos que tentam e se esforçam para seguir no caminho ensinado por Ele: o caminho da graça e do amor.
"Em nome de Deus". Esse é o argumento mais antigo e utilizado para se gerar guerras desde sempre. E se Darwin disse que evoluímos, lamento perceber que não.
O que se prega "em nome de Jesus" definitivamente não é o que Jesus pregava. Isso acaba gerando um mal-entendido tanto por aqueles que não conhecem a Ele, quanto pelos que se dizem seguidores dEle. É o poder da CONTRA-INFORMAÇÃO. E sinceramente, se o diabo existe, ele está aí. Tanto o é, que, segundo a própria bíblia, ele veio para matar, roubar e destruir. Ou seja, gerar guerras.

O povo gospel adora um herói. Talvez por uma síndrome de inferioridade, ou pela falsa humildade, necessitam sempre de um novo Messias que compre a briga do "povo perseguido". Eis aí mais um herói: Malafaia: defensor da sã doutrina e dos valores cristãos. Pera aí, mas esse cara vive atacando as pessoas! O que isso gera? Guerra. Guerra entre: 
Evangélicos x Ateus;
Evangélicos x Gays;
Evangélicos x Cientistas;
Evangélicos que não pensam x Evangélicos que pensam;
Evangélicos x Espíritas;
Evangélicos x Muçulmanos;
Evangélicos x Católicos;
Etc...
Quem veio para gerar guerras, segundo a própria bíblia?

"Ah, mas ele só está defendendo a moral cristã!"
Defendendo? Cristo alguma vez se defendeu de alguma coisa?????
Quando um de seus discípulos foi defender Jesus, o Próprio o repreendeu e quando disse que o seguiria até a morte, foi-lhe dito que o negaria antes que o galo cantasse 3 vezes!
Meus amigos, o verdadeiro Evangelho não precisa se defender de nada, muito menos de defensores. Parem com essa neurose ridícula de ovacionar e comprar a briga de pastores! Isso é idiota! Me sinto envergonhado de conhecer gente assim, sério. E não tenho medo de dizer: TENHO VERGONHA DESSE EVANGELHO! que de evangelho só tem o nome mesmo.
Já cansei de escrever, talvez eu volte uma outra hora. E faço as minhas, as palavras de Gabi: "Que o meu Deus, que não sei se é o mesmo que o seu, lhe perdoe."

Que Ele nos perdoe.

Lucas.