terça-feira, 30 de setembro de 2014

Um rap

Acordo todo dia e vejo morte na cara duzamigo
É que ninguém aguenta mais olhar pro próprio umbigo
Desespero da alma traz jazigo

E na casa das prima ninguém me deu ouvido
Quando disse que o pão que o diabo amassou foi produzido
Com farinha de coca adulterada e pó de vidro.

Qualquer coisa faz papel de acusador
Qualquer coisa pode aliviar essa dor
Mas o preço da anestesia sempre se paga com ardor

E nessa situação onde está o amor?

Silenciado num quarto escuro, psicodélico
Enquanto os que têm o poder bélico
Vendem balas como remédios

Mas não se esqueça
Que o valor financiado cobra juros
E não adianta ficar em cima dos muros
Se a consciência traz luz até aos burros

Se é planta, se é natural aí pode
E nessa festa cega celebramos com um ode
À todos os que morrem, pra que eu possa carregar o meu bode

A hipocrisia está em tudo, está em todos
Num fode

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Abstrato

Palavras são amórficas ao ar. 
Mas têm formas na boca de quem fala e no ouvido de quem ouve. 
O amor, amórfico em tantos lugares, encontrou um meio de se manifestar.
Tomou forma no coração desse que fala, reluziu em cores nos olhos desse que vê. 
E em plenitude, se fez em você.

Covardia

Covardia, meu senhor, é pintar-se doutor pra enganar um novo amor. Sois covardes na medida em que vestes um ultraje, de ser quem não se é pra ludibriar os de boa fé. Vestir a máscara da expectativa alheia, é que nem canto da sereia, que prum mar de desilusões arrasta embarcações. Ah, mas quem diria de tais amantes, que por certo, cartomantes, leem as mãos de quem recebe o afago? Covardes mestres pedantes que transformam amor em esmola insignificante...

Deslizar na realidade

Entre o céu e a terra, há um horizonte. Entre a imensidão da atmosfera e a profundidade dos mares há uma superfície em tensão que provoca ondas e oscilações. De igual forma, entre o nascimento e a morte, há a vida. Se assim for, podemos enxergá-la, dentre tantos pontos de vista, em termos de eficiência. Vivamos parcimoniosamente, com eficiência, escolhendo as melhores embarcações disponíveis para navegarmos nos mares da realidade. Afinal de contas, o fluxo das marés coexistem numa esfera, e levam, ao mesmo tempo, à todos e à lugar nenhum.
Somos deus e somos bicho. E tanto os de lá como os de cá, não aprendemos a separar o que é reciclável do resto do lixo.