quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Exageros e desculpas: a serpente sente seu próprio veneno

É, sou exagerado. Aprendi com o teatro: enfeitar a máscara pra evidenciá-la ainda mais. Quem sabe assim alguém perceba minha ilusão...
É que de tanto gesso a máscara cai no chão. Gravidade, lei de mãe-terra, puxa pra si todo peso que arqueia meus ombros. Todo pássaro precisa lidar com a lei forte se quiser alçar seu voo. O impulso que nos eleva vem de baixo e toda árvore que anseia tocar os céus com sua copa precisa permitir-se enterrar-se, obedecendo a ordem natural pra chegar ao pai celestial.
"A matéria eu entrego a ela e o espírito ao divino" disse o Mestre. Exagero-me para enxergar-me. Pinto o 7 para encontrar os sete caminhos do espírito. A serpente rasteja no chão, trabalha nas sombras e se esconde até chegar o momento de sua redenção. Ascensão. A kundalini sobe aos céus levando consigo a espiral da manifestação. Alado ser celestial, amou a terra com seu ventre, comeu do pó que o homem pisou e guardou seu segredo em uma flor de ouro.
A falsa luz disfarça bem, ofusca as sombras e esconde por expor suas ilusões. Feche o olho e entenderás, que é no escuro que o herói se faz. Para vencer a tentação do salvador, deve-se olhar nos olhos que não enxergam a sua verdadeira face oculta. Pegar a catapulta da contra-mão, nas cachoeiras ser salmão, e esconder da mão esquerda as obras praticadas pela direita. É vice-versa. Trabalhar na desinversão. Se estas palavras ressoam, com seus significados mil, não nos leve a mal uma possível intenção vil. Ou leve, tanto faz. Sou responsável pelo que digo e tu, pelo que entendes. Cada um com seu filtro, ora pra dentro, ora pra fora. A membrana é ilusória. Não existe aqui ou lá: Tudo é Agora.

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