terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O trabalho no labirinto de espelhos

No labirinto de espelhos o trabalho é árduo. Incomoda e aflora a semente que se plantou inconsciente num passado que se faz agora. Cada atitude é um espelho, cada pensamento, um reflexo. Ao ponto de serem tantos que se perde e já não se sabe quem se era antes de entrar. Torna-se cada reflexo, perplexo, o ser que desbrava sua própria loucura. Aquilo que se reflete é máscara. Social, mental ou espiritual.

Os seres que não se nomeiam rondam e sob-vivem no labirinto de espelhos. Se alimentam das máscaras e espreitam a cada reflexo. Procuram a quem os devolva o olhar, influenciando nas sombras o seu caminhar. Para se desfazer a nuvem que os encobre é necessário auto-conhecimento que limpa, pouco a pouco, as camadas de gesso que constroem a máscara fractal.
Estes seres-não-seres não têm rosto próprio. Pegam um ou outro emprestado a partir dos pensamentos que se escusam do pensador pela auto-piedade. Ao apresentarem-se com o rosto alheio, confunde o observador e tomam a consciência  daquele que não se conhece. A partir desse processo, perde-se o controle e o domínio próprio. Para se conquistar e amarrar os seres mascarados, deve-se conhecer a si mesmo, e assim, conhecer seu inimigo (que é a mesma coisa). Eles têm sua função - como tudo que é criado abaixo do sol.
No centro do labirinto se guarda a flor de ouro, pequenina e frágil que cintila e ilumina todo o labirinto, permitindo sua imanente existência.


O que é o trabalhar no labirinto? Senão a limpeza espiritual que desfaz a fuligem que esconde os seres que não se nomeiam?
O processo é pesaroso, mas garante a quem bem trabalhou uma mente mais coesa e harmônica - prismal - que agora pode refletir os sete espectros da luz que emana da flor.
Adentrai-vos no labirinto com a força do Mestre que garante a todos os seus filhos um trabalho bem sucedido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário