sábado, 25 de março de 2017

A palavra como pecado, a transgressão daquele que ambiciona a criação

Há palavras proibidas. Há assuntos que não devem ser debatidos. Palavra é magia, na inconsciência ou não, afeta e molda o mundo a volta daquele que a pronunciou. Na construção da ilusão, todo cuidado com a palavra é pouco. Percebe a ilusão quem se desiludiu da realidade e olhou para fora do globo construído sobre a Terra plana. Estou pecando, neste momento, em que digito estas palavras malditas. É que insisto na rebeldia de dizer aquilo que não pode ser dito. Costumo pagar o preço com um punhado de felicidade que me esvai ao ser cobrado pela palavra que lancei. O processo é lento, a serpente é faladora e adora lançar uma opinião - ou declarar o óbvio - toda vez que lança o olhar para o mundo da ilusão. Serpente gosta de se fingir poeta, esconder - ou tentar - nas entrelinhas aquilo que quer dizer. Tola, cai em sua própria armadilha, o bote atinge sua própria cauda e, aquilo que gostaria de dizer acaba sendo mal interpretado - por vezes opostamente - e gera um efeito oposto daquilo que intencionou.
Cá estou, pecando novamente, dizendo daquilo que não posso, aprisionando em símbolo linguístico o que nasceu livre e independente de interpretações. A quem peço o perdão pelo pecado da criação?
A quem pede o perdão, o criador, pela obra de suas mãos?

Shhhh

Silencie vosso verbo. É no silêncio que encontras o perdão. É no amor que esfrias e compreende o calor das emoções.

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