quinta-feira, 25 de maio de 2017

Divagação num escritório de um maio meio lá e cá

Olhei para o canto e percebi uma fresta de luz. Cintilante, sublime pulsante, vangloriando-se de ser desapercebida. Era no canto, que desviamos o olhar, que se encontrava a pequena luz. Vestida da noite, sua presença constante - escondida - não obstante, limitava-se a projetar a si mesma.
Eis o que olhei: era Ela e era Eu. A luz que era um buraco, preenchido com o nada, expandia sua luz de matéria metafísica e constituía tudo o que ela não era. Olhar para dentro é olhar verdadeiramente para fora, a ilusão dos sentidos ofusca a verdade tendo como miragem a imagem que fulmina o olhar. Para encará-la de verdade é preciso coragem. Sob o risco de virar cinzas pelo próprio fogo, o dragão teimoso, agora é manso e medroso e foge ao primeiro sinal do verdadeiro perigo. Ele persiste, em qualquer canto escuro que possa servir de covil. A luz, antes vestida da Noite, encontra-se despida em Dia, e aos poucos sua Aurora clareia toda rachadura cavernosa que poderia servir de abrigo aos amistosos da escuridão.
Quando Dragão não mais tiver sua pretensiosa paz ao se esconder, poderá despertar e parar de se arrastar, elevando-se por fim, ao encontro da Luz que se escondia em si mesma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário