Piso no calo e não me calo
O veneno que destilo é a palavra que falo
E de falos estou farto
Quando o dragão na mente eu parto
Com dores e sangue de quem nasce torto
É o peso morto que carrego no dorso
E em vão me apego com esforço
A hora de abrir mão já chegou
Chegou, passou e cá estou
Não que me agarre ao que está morto
Mas o mistério dos ciclos revisita as imagens
E dessas miragens relembra a casca da ferida aberta
Que é pra me manter alerta
Que se cutuco com vara curta
E exponho a cicatriz
É minha paz que ela furta
E a calma me escapa por um triz
Difícil é aprender o orgulhoso
Que tudo já sabe pomposo
Só não sabe a humildade do vazio
Que preenche por não achar que se é
E apenas sabe sem achar
Tendo a plena certeza da fé
Esvazio esse mal que ressuscito
Breve, em palavras escrito
Antes que cresça e me atormente
Sacrifico este bicho torto em minha mente.
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