Da distância

Qual é a distância entre o eterno e o momento? Não seria infinita, dependendo da perspectiva? O infinito habita todos os lugares ao mesmo tempo que não se deixa habitar por nada.
Qual a distância entre a rotina e a aventura? De fato, é a mesma entre os infinitos: Perspectiva.
Poderia limitar-me a escrever infinitos exemplos de distâncias que nos cercam todos os segundos (cá entre nós, esse - o segundo - também é uma noção de distância).
O que quero dizer com isso? Aonde Sofia deseja me levar?
Quero convidar o leitor a respeitar essa dama poderosíssima: A Perspectiva.
O poder que lhe foi concedido é tamanho que pode fazer do homem um ser livre. Ela, e talvez só ela, pode fazer com que uma pessoa confortável se transforme em um aventureiro, ou um escritor, quem sabe...
Escrevo esse texto, após ler este de Paulo Brabo. O cara maneja as palavras de forma absurdamente bela. E o que o fez chegar a tal majestosa conclusão? A experiência da perspectiva.
Mas como podemos conhecê-la? De certo modo, não temos nossa própria perspectiva?
Meu caro, a perspectiva tem infinitas faces e não se deixa conhecer tão facilmente. Mas o fato, é que se procurarmos cada vez mais suas manifestações, mais livre nos sentiremos e mais nos tornaremos pequenos.
Adquirimos mais perspectiva ao viajar. Conhecer novas culturas, novas formas de se fazer a mesma coisa ou a mesma forma para coisas diferentes... Ou você acha que peregrinos, eremitas, andarilhos não tem sua motivação? Onde as maiores histórias são escritas? São nas viagens, e seus autores, viajantes.
Passamos a vida toda querendo acumular coisas: carros, casa, amigos, empregos, tecnologias, dinheiro...
Enganamo-nos. O que queremos é perspectiva! É seguir os passos dos maiores influenciadores da humanidade: TODOS andarilhos (Jesus, Sidarta, Maomé...).
Se engana mais, aquele que necessita de dinheiro para isso. A felicidade da perspectiva não está num cruzeiro de luxo, ou num hotel 5 estrelas; está numa casinha de sapê, numa vila de pescadores ou na rede de um índio desconhecido.
Relatos de amigos como o Natan, me fazem sonhar com a graça da perspectiva. Este, que há um tempo foi para Paraty sozinho, e acabou conhecendo gente de vários cantos do mundo. Consequência? adquiriu um pedaço da perspectiva deles...

Pois então, amigo leitor, permita-se um pouco de perspectiva: VIAJE.
E perceba a relatividade da distância ante a graça da perspectiva que nos foi dada por Aquele de onde surgiu todas as suas faces.

Liberte-se