quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O Universo e o Dragão

Conta-se a história de um dragão que ficou responsável pela guarda do Universo. Era um dragão curioso que, apesar de estar guardando o Universo, fazia parte dele. Esse dragão era eterno, assim como o Universo, e a sua boca insistia em procurar sua cauda, formando um eterno círculo. Um dia, um guerreiro decidiu enfrentá-lo para tentar chegar ao Universo. Mas o que o guerreiro não sabia, é que por trás de identidade do dragão se escondia uma terrível revelação: O Dragão era ele. Para se chegar ao Universo, o guerreiro devia matar a si próprio. Ao saber disso, entrou em conflito: Como conhecerei o Universo se para isso preciso morrer? Como adquirir tal sabedoria? E assim, o guerreiro pois a pensar numa solução, um caminho para tal paradoxo: Na Vida se esconde a Morte, e na Morte se obtém a Vida. Dizem que o guerreiro está até hoje buscando a solução. Dizem também, que esse guerreiro mora no coração de cada um.

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Nessa breve fábula, tentei introduzir uma ideia que me vem corroendo a mente a algum tempo. O Universo, ao qual chamo pelo nome da primeira letra do hebraico, Aleph, simboliza a verdade, a revelação divina acerca de tudo. Não fui o primeiro a dar esse significado, na verdade ele existe a muitos século e o descobri através de um conto de Jorge Luiz Borges, de mesmo nome. É um simbolo intrigante, composto de 3 partes: um yod superior, um inferior e um vav como uma conjunção entre os dois. Na literatura cabalística o vav conceitua "o poder de conectar e correlacionar todos os elementos dentro da Criação". Já o yod é uma pequena letra, presente de certa forma na grafia de todas as outras letras do hebraico moderno, e por isto é considerada a base de todas elas. Não entrarei em detalhes cabalísticos, até porque eu não sigo a cabala, muito menos sou místico ou algo parecido. Sou apenas um amante da comunicação humana e da utilização de símbolos para a caracterização de conceitos difíceis de serem explicados em palavras. 

O arranjo destas letras no Aleph pode também ser entendido como o yod superior sendo a face oculta de Deus aos homens e o yod inferior, a face revelada aos homens de Deus. Logo, o vav diagonal seria o meio como Deus se revela aos homens. Pensando através da ótica cristã, Pode-se entender como o Pai, Filho e Espírito Santo. Curioso também, é o significado numérico dado a essa letra. O Aleph corresponde ao número 1, sendo assim, simboliza a singularidade de um único Deus. Se separarmos as 3 partes que compõe a letra, obteremos o numero 26 (pois 1 yod equivale a 10, e o vav a 6), o mesmo numero do tetragrama sagrado Judeu: YHWH, ou para nós, Jeová ou traduzindo para o grego: Theo (Deus). O Aleph também não tem som, é a única letra impronunciável. Por isto existe uma fábula que explica porque Aleph não foi escolhida a primeira letra da Torah. Na estória, todas as letras se apresentam, diante de Deus, para dar razões do porque deveriam ser a primeira letra, exceto a letra Aleph. Quando o Senhor perguntou o porque disto, Aleph explicou a razão de ter ficado em silêncio: ela não tinha nada a dizer. Mas o Senhor honrou a humildade de Aleph e designou-a como a primeira de todas as letras, sendo a primeira do alfabeto. E, também, a honrou como a letra da primeira palavra dos Dez Mandamentos.

O Rabi Dov Ber explica as primeiras palavras da Torah: "Bereschit Bara Elohim Et" (No princípio Deus Criou "et") conforme Gênesis 1:1. Gramaticalmente, a palavra "et" é intraduzível e é usada para indicar que a próxima palavra é um objeto direto definido, que portanto, no texto liga a ação criadora de Deus tanto dos céus como da terra. Mas, Dov Ber aponta para um significado simbólico no relato da criação, explicando o porque desta palavra "et", que é formada por um aleph e um tav, que são respectivamente a primeira e a última letra do alfabeto hebraico, e por esta razão é sinônimo de todo o alfabeto. Então, o Rabino argumenta que no princípio Deus criou o Alfabeto, antes dos céus e da terra. As letras são consideradas como os blocos de construção primordiais de toda a criação. Outro rabino, Shneur Zalman, afirmou que se as letras deixarem de existir por um instante, toda a criação tornaria absolutamente insignificante. Percebe-se que para os judeus as palavras tinham um significado muito importante. O texto cristão de João 1 relaciona a criação com a Palavra, que é Cristo, o Verbo de Deus.
Aleph é, também, interpretada como uma figura messiânica, pois é composta tanto de uma realidade superior celestial, como de uma realidade inferior terrena, ligadas pela humildade de um corpo. Aleph é a figura da Unidade do Deus-Homem que é o Messias ou Cristo. Do ponto de vista messiânico, Aleph representa Yeshua, o Messias, intercessor da humanidade. Os dois Yods representam os braços abertos estendidos alcançando tanto a humanidade quanto a Deus.
Outra passagem interessante também, está em Gn 1:7, onde Deus faz a separação entre as águas inferiores e as águas superiores. Logo no segundo versículo diz que o Espírito de Deus se movia sobre as águas. Logo, pode-se também entender, como essa separação dos aspectos divinos no entendimento humano, as águas inferiores (yod inferior) e as águas superiores (yod superior) e o Espírito se movendo sobre elas (vav diagonal).
Entendendo todos esses significados, fica fácil correlacionar esta letra com o símbolo oriental Yin Yang, o superior e o inferior, o feminino e o masculino, o bem e o mal, o branco e o preto, a totalidade e a ausência, todos, aspectos ou pontos de vista humano sobre a dualidade da vida, portanto, de Deus., de onde tudo se origina.


O Dragão comendo a própria cauda seria o antigo simbolo Oroboro, que até no nome dá a idéia de eterno retorno, pois se trata de um palíndromo (mesma escrita de trás pra frente). O Dragão é um dos símbolos do universo, é a forma como nós enxergamos as coisas, apensar de muitos não terem consciência disso. É o símbolo do sistema, da troca equivalente, do dar e receber, o que na física/química se expressa quando dizemos que "não existe almoço grátis". O Dragão é o símbolo de mim mesmo, e como tal, é guardião dessa "verdade" acerca de Deus. Logo, para se chegar a essa revelação, a esse entendimento acerca de Deus, é necessário morrer. É o que tantas vezes o próprio Cristo disse com o "negue-se a si mesmo e siga-me." Para compreendermos a essência do evangelho, da boa nova, da novidade de vida para os homens, é necessário morrer, é necessário negar a si mesmo. Só assim, poderemos nos encontrar com Deus, que a partir do Espírito Santo, mora em nós.


Por esses e tantos outros significados é que resolvi marcar minha pele com esse desenho. Espero que com isso, eu nunca venha me esquecer de quem realmente sou e para que existo: Para encontrar-me com Deus.



Texto base para as explicações foi tirado de: http://essenciaeexistencia.blogspot.com.br/2007/04/aleph-smbolo-do-ser-em-seu-aspecto.html

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