segunda-feira, 27 de março de 2017

O onironauta

Deitado, voo
Ao correr, com os pés a tocar levemente o chão...
Olho minhas mãos
Sei quem sou
Sei o que posso
É tudo nosso!
Neste vasto mundo de ilusão
Percorro eventos 
E com o intento
Faço realidade
Meus sentimentos
O que me atormenta
Vira personagem
E ferramenta
Da obra que ensaio
E apresento
A mim mesmo
Sou o centro metalinguístico
Que expande o fractal interno
E se olha no espelho, inferno
Redimindo as imagens que se faça de si
Uma fagulha de pensar
Transporta o corpo anuviado a qualquer outro lugar
Uma nova história se desenrola
Ao observador-personagem
Que por estas miragens
Projeta e arquiteta
Sua própria esfinge
E atinge
O oásis do Ser-Estar


Eis-me a sonhar

sábado, 25 de março de 2017

A palavra como pecado, a transgressão daquele que ambiciona a criação

Há palavras proibidas. Há assuntos que não devem ser debatidos. Palavra é magia, na inconsciência ou não, afeta e molda o mundo a volta daquele que a pronunciou. Na construção da ilusão, todo cuidado com a palavra é pouco. Percebe a ilusão quem se desiludiu da realidade e olhou para fora do globo construído sobre a Terra plana. Estou pecando, neste momento, em que digito estas palavras malditas. É que insisto na rebeldia de dizer aquilo que não pode ser dito. Costumo pagar o preço com um punhado de felicidade que me esvai ao ser cobrado pela palavra que lancei. O processo é lento, a serpente é faladora e adora lançar uma opinião - ou declarar o óbvio - toda vez que lança o olhar para o mundo da ilusão. Serpente gosta de se fingir poeta, esconder - ou tentar - nas entrelinhas aquilo que quer dizer. Tola, cai em sua própria armadilha, o bote atinge sua própria cauda e, aquilo que gostaria de dizer acaba sendo mal interpretado - por vezes opostamente - e gera um efeito oposto daquilo que intencionou.
Cá estou, pecando novamente, dizendo daquilo que não posso, aprisionando em símbolo linguístico o que nasceu livre e independente de interpretações. A quem peço o perdão pelo pecado da criação?
A quem pede o perdão, o criador, pela obra de suas mãos?

Shhhh

Silencie vosso verbo. É no silêncio que encontras o perdão. É no amor que esfrias e compreende o calor das emoções.

quinta-feira, 23 de março de 2017

Ano novo

De ponto em ponto
Percebo quem sou
Do instante o sextante
Me serve de eixo
Ao astral
Que me deixo
Ser este que penso
Logo existo
No infinito
De um grão

De areia
E pedreira
Brota a cachoeira
Que deságua
A flor de ouro
Em cada coração
Militante da nobre causa
Redentora
É criação

Se respiro
E me inspiro
No sofrimento
É o preço
Do que outrora mereço
E pago na hora
Que sinto
O vigor
Da nova aurora
Em meu pulmão

O sentimento
Reorganizado
Ressignificado
Faz da turbulência
O redemoinho
Que redime em si mesmo
O carma de carne
Em voz e violão
E sopro e canção

Festejo
A regência de Saturno
E em prece, taciturno
Rezo ao Pai
E a Mãe
Que me dê 
Vosso Perdão
É o vinho e é o pão
Nosso, de cada dia
Que se faz hoje

Agradeço,
Ano novo
Por mais este renovo
Em minh'alma
E coração!

quarta-feira, 8 de março de 2017

Aos insensíveis, as flores

Na posição privilegiada de um pedaço a menos de cromossomo, redijo estas palavras, que não são nada mais que isso.
A manifestação da graça divina aos homens, a flor de lótus que nasce em meio à lama, a realização fractal de pistis sophia, e a imagem da grande Mãe. Sois nossa bela primeira manhã primaveril após um longo inverno de brutalidades e frieza de coração. Transmuta nossa desgraça e maldade com a graça e a beleza de vossas mãos.

Ser divino que gera em seu ventre a perfeição que se imperfeita ao sair de vossas bênçãos, dai-nos, aos insensíveis, vosso perdão!
O homem é um bruto, é uma pedra não lapidada que não aprendeu suas ferramentas com sua mãe, a mulher.


A paciência feminina que atravessa os séculos é algo a ser aprendido por toda a humanidade. Respondem-nos, os insensíveis, quando atiramos pedras em vossa direção, com flores, amor e compreensão.
Se, por ventura, irai-vos em irritadiça contradição, tens todas as justificativas ao seu alcance. Pois que pisamos a história com vosso sangue e redenção.
Mulher, bela, sois de todas as cores, matizes e aromas, a mais bela das criações!
Nossa ingratidão, brutalidade, coerção, obsessão, e todos os males que porventura façamos, nada mais é que a mais pura inveja não declarada, pois sois tudo aquilo que gostaríamos e deveríamos ser, ainda que não admitamos.


Afinal, o homem (humano) não é homem ou mulher, o homem(humano) é.
Ensina-nos, os cabeças-duras, a compreender o segredo da chave do cálice sagrado que habita em ti.

Perdoem-nos. E muito obrigado.

Feliz 8 de março à todas as guerreiras da verdadeira beleza.

domingo, 5 de março de 2017

8 de ouros

O que sinto, deveras sente
No oposto aparente
Da rota das emoções
Raiva e desprezo açoitam
Pelo olhar de nojo que lanças
Ao néscio em suas andanças
Que nunca digno, cai pífio
Em si mesmo

Corre mais que as pernas
O tolo desajeitado que se crê sábio
E come as mazelas do amor
Que retorna
Não como espera
Mas como merece
Restando-lhe a prece
Que ensina o que se rejeitou

Serás humilde daqui em diante
Ou sofrerás, doravante
Caso o orgulho não se abrande
Levanta e estanque
A ferida cicatriz
Que escapa por um triz
E escorre no palhaço
Do seu nariz

Firmai a intenção, coração
De ser melhor que outrora
Respira o ar que revigora
No alvorecer de uma nova Aurora!
Não esqueça ou enlouqueça
Que o que existe e sempre existiu
Não importa o que te aconteça
Serás sempre o eterno agora!

quinta-feira, 2 de março de 2017

Considerações sobre um ego rebelde

Perceber-se na condição de um ser que se esconde e não quer ser aquilo que se é, dói.
Dói e sangra profundamente. É como uma lança que perfura várias e várias camadas de peles artificiais e atinge um ponto nervoso que há muito tempo não era sentido. Me botaram um apelido: Rebelde. O ego, querendo tudo para si, gostou da definição e inventou um pseudo-significado, escondendo novamente, sua verdadeira face.
Fugi por muito tempo e, mesmo tomando o expansor a quase 1 ano, não tinha percebido ainda certos padrões mentais que me aprisionam e me mantém na estagnação. Gostaria de sair por aí gritando: Me perdoem! Me perdoem! Me perdoem!
Pequei contra os céus, contra meus irmãos e contra mim mesmo. Não sou digno de redenção. Foram tantos os meus pecados que fora construída uma muralha com os destroços que causaram. Muralha essa que me impedia de olhar para dentro de mim e me arrepender. Como manter a compostura diante de tal percepção? A vontade era sair rastejando suplicando e chorando, implorando pelo perdão…
Oh, Mestre! Tenha piedade deste filho rebelde que nunca quis ouvir seus conselhos! Preferiu seguir o caminho do dragão destruidor ao invés de navegar nas águas claras e mansas de sua voz!
Humilhado e envergonhado me achego aos seus pés, na condição de um pedinte de algo que nunca serei digno de obter. Misericórdia!
Ensina-me, Mestre, por tua graça, a ouvir o vento suave que vem de ti! Acalma o dragão que há em mim, lança no mar do esquecimento este passado que me atormenta!
Dê-me forças para seguir neste caminho, pois por minhas próprias forças não posso caminhar.
Não me deixe esmorecer e nunca mais esquecer dos ensinos que Tu me dá. Mantém uma sentinela em meus pensamentos! Quebrantado e dilacerado me sinto diante de tua graça! Teu poder excede o entendimento, pois a tua ciência é o verdadeiro conhecimento! Busquei e busquei em todos os lugares, e foi no teu silêncio que encontrei a chave que sempre precisei.
Senhor! Fazei-me instrumento de vossa paz!
Onde houver ódio que eu leve o amor,
Onde houver ofensa que eu leve o perdão,
Onde houver discórdia que eu leve a união,
Onde houver dúvidas que eu leve a fé,
Onde houver erro, que leve a verdade,
Onde houver desespero, que eu leve a esperança,
Onde houver tristeza, que leve alegria,
Onde houver trevas, que leve a luz.
Oh Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado,
Compreender que ser compreendido,
Amar que se amado,
Pois é dando que se recebe
É perdoando que se é perdoado
E é morrendo que se vive

Para a vida eterna.