quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

De chaves e Crescimento

É engraçado como a nossa perspectiva das coisas mudam com o passar dos anos. Ontem voltando pra casa, lembrei-me de algo que sempre pensava quando criança. Já tinha me esquecido desse tipo de coisa mas, de súbito, sofia resolveu me lembrar. 
Foi na hora de abrir o portão de casa. No mesmo dia, mais cedo, pude fazer uma cópia da chave da minha sala do laboratório; acho que esse fato não passou desapercebido à sofia, por isso, resolver me presentear com lembranças do passado. E era exatamente sobre isso: poder ter sua própria chave!
Quando era criança- lá pelo meu sexto ano de vida - eu olhava para meus pais e pessoas mais velhas abrindo portas e pensava: "vou amar o dia em que poderei ter minha própria chave!" ou ainda: "Poderei ter o controle da minha casa, poderei entrar a qualquer hora que quiser e não dependerei de alguém para fazer isso pra mim!". Voltando ao passado pude perceber coisas intrigantes. Creio não ser a única criança que pensa esse tipo de coisa, até porque, crianças adoram brincar com o molho de chaves dos pais.Era bem válido meu pensamento, era uma anseio pelo poder, pelo controle. E uma chave não é nada mais que isso: o controle de algo que lhe é caro: uma casa, um carro, um baú de tesouros, um diário...
Eu pensava apenas em poder abrir as coisas, mas me esquecia de seu correspondente não menos importante: fechar as coisas. Ter uma chave em mãos não significa apenas que se tem o poder de abrir, mas também, a responsabilidade de fechar. Ao almejar algo novo, seja um cargo na empresa, uma posição no governo, uma namorada, uma casa ou uma chave, sempre pensamos apenas em conseguir, em ter o poder sobre essas coisas, em abrir possibilidades, mas nos esquecemos que devemos aprender a fechar também. É a famosa frase de Tio Ben: "Grandes poderes, carregam grandes responsabilidades". Insistimos em dar uma de homem-aranha - que por coincidência, não costuma usar chaves - e sempre pagamos o preço: um ladrão invade nossa casa, a corrupção invade nosso cargo, a falta de amor invade nosso companheiro(a) ou um pirata saqueia nosso tesouro.
Acho que essa é uma das muitas coisas que nos separam da infantilidade da maturidade: Poder abrir, mas saber também fechar. Pois onde está nosso tesouro, aí também está nosso coração. Portanto, devemos ter o cuidado com o poder que uma chave carrega.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Marooning

Em cárcere privado
Livre de corpo e preso de alma
Hostilizando a vida
Que me foi dada em graça

As mãos que controlam meus passos
São as mesmas que me privam de mim
E aqui, vejo de dentro da gaiola
Meu corpo por aí, morrendo...

Um transgressor quero ser
Transgredir a moral vigente
Que vê a gente
Como pássaros a lamentar

Aspiro uma ilha deserta
Numa brisa só minha
Maresia da alma
Comigo, contigo
Contrito, contraste...

Sou um escravo fugitivo
De Palmares sou cativo
E lá dentro, livre
Com os pés descalços...

Ao sentir a areia macia
E a brisa melancolia
De nunca voltar e nunca sair
Desse eterno estado de magia...


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Luto

Capas cor da noite
Pra dizer da noite passada
E chorar anjos caídos

Que bailavam à vida
Em um quarto fechado
Fechado pro mundo
Aberto ao desespero

O cheiro do sangue sobe aos céus
Com perfume defumado
Salpicado de lágrimas

Clama por justiça:
Quem pagará as almas,
Dos que deixaram a herança
Reclamada nos olhos dos que ficaram?

Procura-se um culpado
Mas filho feio não tem pai
E a ironia se completa:
Agora, os pais não têm mais filhos.

E as lembranças escorrem
Em um jovem cemitério.


27/01/2013 - Sta. Maria, RS

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A Profanação do Sábado

A fome humana criou a civilização da mesma forma que a destruiu.


Ao contrário do que muita gente pensa, a lei do shabbat não é arbitrária e simplesmente porque o deus judaico quis. Sua moral ideológica surge no começo de gênesis, onde, no sétimo dia, Jeová descansou.
Após 6 Dias - com letra maiúscula, significando um período de tempo, e não 24h como literalistas gostam de ler - de intenso trabalho e produtividade, o Criador descansou.
Será mesmo que o Deus-de-tudo precisaria de um período de tempo de descanso? Seu corpo por acaso é físico? Creio que não.
O que pode-se concluir disso, não é que Deus precisava descansar, mas a natureza precisava ser deixada em paz, e a produção, desacelerada.
Por isso, a necessidade de uma Lei que proibisse o homem de produzir em uma determinada hora. É uma lei que visa controlar a ganância humana. O Shabbat é santo, porque é nele que o homem fica à salvo de si mesmo.
Mas nossa sociedade cristã-progressivista não entendeu o recado, preferindo jogar o sábado só para os judeus. O que aconteceu? Profanamos essa Lei Santa, e graças à ciência e ao progresso, atropelamos o dia sagrado com guerras, fome, doenças e, principalmente, propaganda!
Não precisamos mais de um dia na semana para parar de produzir, precisamos é de um milênio inteiro para restituir o que nós estragamos!
Esse é meu grito de hoje: Profanamos o sábado! Há salvação para nós?

Procura-se

Procuro um amor
Desses que se vê em cinema
Se ouve em músicas
E existe nas pessoas

Qual o problema em admitir isso?
Que eu sou mais fraco?
Que não aguento a solidão?

Procuro mesmo!
Um Amor
Único
Sincero
Completo

Mas não pode vir sozinho
O Sentimento precisa de acompanhante
Uma amante!
Que seja alvo eterno de lembranças!

Tem de ser forte
Pra aguentar toda sorte
E me segurar até o fim!

Será que ainda me permito?
Encontrar ou deixar ser encontrado?
Ser eu mesmo, um amado?

 - Procuras enfim,
    Ser ladrão e refém?

Procuro alguém
Que me salve de mim...

domingo, 20 de janeiro de 2013

Se eu tivesse um barco

Se eu tivesse um barco
Mesmo não sabendo nadar
Navegaria ao infinito

Já cansei de brincar na areia
Minha paixão é navegar
Ainda que eu não saiba nadar

Mas se eu tivesse um barco
Não saberia o que levar
Além de mim

Aprenderia a pescar
E tiraria almas do mar
Que me ensinariam a nadar

Ah! Se um barco eu tivesse!
Não precisaria me preocupar
Pois a direção o vento iria tomar...

O mesmo ar que molda as nuvens
E faz o mar se agitar
Levaria meu barco ao novo lar

Um barco, só um!
Mergulharia num azul
E diria Adeus


Mas o barco sou eu...


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Paralelos

"Pois em parte conhecemos"


Tento começar uma coisa nova aqui no blog. Tata-se de comparações. Links entre ideias e nomes que muitos povos de culturas diferentes para denominar, ao que me parece, a mesma coisa.

Começo com essa, que pra mim, representa toda a ordem do Universo, A Lei Natural das coisas, explorada por Darwin em sua Teoria da Evolução.

Vejamos:
A Lei nos diz que o fraco é a carne que o mais forte come, a lei do mais forte, que se manifesta em toda natureza. É sempre assim e nela, natureza, nada se cria, mas tudo se transforma.

O que entendo disso, me parece ser o mesmo que Salomão entendeu ao dizer: "Nada é novo debaixo do sol". Logo, temos nossa primeira comparação:

Nada se cria, tudo se transforma = Nada novo debaixo do sol.

Cristo disse algo parecido, que nós entendemos como lei da semeadura, o famoso: Aqui se faz, aqui se paga.
Ou até mesmo, Ação <=> reação.

Nietzsche nos deu algo parecido: Eterno Retorno.

Os espiritualistas também, com a ideia da reencarnação: a Lei do Karma.

Qual é o problema de entender tudo isso como uma coisa só? Pra mim, são apenas formas diferentes de se dizer a mesma coisa - claro que salvo os detalhes de cada uma. Não vejo divergência, muito pelo contrário: vejo Convergência.

O que o homem plantar, ele colherá;
Nada novo debaixo do sol;
Nada se cria, tudo se transforma;
Ação e Reação;
Eterno Retorno;
Karma;
E tantos outros...


O que em outro post, chamei de Universo e o ilustrei como um Dragão.
Da série: 
Paralelos: formas diferentes de se dizer a mesma coisa.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A Ferida


Me deixei ser atingido pelas flechas da vida. Não que eu não pudesse desviar, mas eu bem sei, que quem se desvia delas, ao mesmo tempo que procura se salvar, morre - de dentro pra fora. Não busco mais resistência - sigo de cabeça erguida e com a eterna ferida no coração. Uns chamam de maldição, outros de espinho na carne, outros de consciência ou quem sabe, iluminação? Eu prefiro ver como uma bênção, que apesar de dolorosa, me mantém vivo, a salvo de mim mesmo.
Deus sempre dá dois presentes a cada um de nós: o primeiro, a vida; o segundo, não menor que o primeiro, a morte. Insisto em desfrutar desse enorme presente que me foi dado, ansiando quietinho, lá no fundo, pelo dia em que poderei desfrutar do segundo.

É nessa eterna dualidade que vivemos, é por ela que morremos. Não que seja uma coisa boa, ou má, na verdade é as duas ao mesmo tempo. Mas há algo que supera esse eterno círculo. Algo conhecido e almejado por vários povos, e que, portanto, recebeu nomes distintos. Alguns que conheço são esses: Nirvana, Absoluto e o que mais gosto, Graça.
Essa dualidade chamam de Lei ou Morte. Não mais dependemos dela, pois vivemos no tempo da Graça, e é isso que tento comunicar com tudo o que escrevo, falo, faço ou vivo. Essa é a Boa Notícia que quero contar ao mundo! Mas muitos não querem ouvir, apesar de que eu sei, que lá no fundo, todos desejam saber. Mas eles têm medo. Medo de viver. Por isso me disseram: você é só uma gota nesse mundo, o que você pode fazer?

Mas, o que é o oceano, senão uma infinidade de gotas?

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Absoluto

Há quem ache que o poder existe em algum lugar
Que se pode obtê-lo
Manuseá-lo

Há quem se esconde do poder
Por medo,
Por coragem

Há quem ama o poder
E se deixa ser amado
Perdido

Mas eu sei
Que o ar que molda as nuvens
E faz a fumaça chegar aos céus
É o mesmo ar que sopra lá dentro

E é com essa certeza que sigo
Com a força do poder que não tenho
Que sustenta o ar em suas mãos

E com a mente lá nas nuvens
Vejo a fumaça do fogo eterno
Que arde sem se ver
E queima sem arder

E com o coração inflamado
E a alma alada
Elevo-me ao absoluto
Me encontro com Deus.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Insípido

Na conveniência de nós dois
                           sobrou você

Não mais em mim
                              enfim...

Pelo fim de tudo o que nunca foi
O que viria a ser se dissipou
Evaporou no ar pesado
Saturado de tua presença

Essa, que outrora foi minha luz
Já não suporto ser a cruz
Ser um fardo mal-desejado
Fruto da necessidade

Me prostituo legalmente
Qual integridade pertinente
Me faz ser só mais um crente
Na beleza de um eterno amor

Ainda bem que eternidade sempre passa
                         Há quem deseje essa desgraça
                                        Masoquista de uma vida sem graça

Portanto estou aqui
Desejado de solidão
Escravo de tuas mãos

Afasta de mim esse cálice
Amargo de vaidade
Tirando-me a vontade
De ser completo em mim

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Heróis

Tec! Tec! Mais duas letras adicionadas na sopa de sua folha que, agora, começa a tomar forma de um livro. Ele prefere à moda antiga: escreve em uma máquina de escrever que ganhara de sua avó, a qual redigia, na época da guerra, um jornalzinho independente. Depois de digitar a primeira página, parou, suspirou e tentou imaginar o que aquelas teclas, agora um pouco enferrujadas, produziram de extraordinariamente rebelde em seus anos dourados - sua avó fora presa e marcada pelo exílio por ser uma militante.
Nunca conheceu seu avô - morreu antes mesmo de voltar para o país, ao lado de sua companheira de guerra - mas sabe-se de suas bravuras e feitos em favor do mais pobre - legado de todo herói do povo. Assim, recebeu no sangue e na memória, um legado de heroísmo, de luta e de dores.  Com apenas 11 anos, começou um pequeno jornal em sua escola e hoje, aos 20, se prepara para receber seu diploma de jornalismo pela universidade federal mais concorrida do país. Todos na faculdade já tinham ouvido falar de sua linhagem, e todos colocavam nele expectativas deveras incômodas (segundo ele) sobre seus ombros.
É bem verdade que nunca aprendeu nada na faculdade, e há quem diga, nem na escola. Sua capacidade, dizia ele, vinha "de dentro para fora", e nada do que tentavam ensinar, assimilava como verdade. "Já nasceu crítico!", uns diziam, e não era mentira.
O engraçado, é que seus avós eram admirados e louvados por suas críticas, e ele, rejeitado. Mais do que o legado da crítica, recebera o legado da rejeição. O jornalzinho na escola, era-lhe tacado na cara de vez em quando; Na faculdade, tinha de se virar para fazer os trabalhos sozinhos.
Perguntava-se o porque disso tudo. Lá dentro sabia a resposta, mas mesmo assim, queria ouvir de seu próprio pensamento, uma palavra de conforto. Seus pais, o desprezavam ainda mais. Quando criança, sua mãe teve de lidar com um mundo pós-guerra sem os pais, esses que, ela não entendia o porque, eram tão louvados hoje em dia por seus feitos. Seu pai, funcionava como um herói para sua progenitora: a tirara de uma vida miserável para morar na zona sul, de frente para a praia. Ele era general, e se sentia humilhado pelo filho que gerara. Resultado: o enviaram para morar com a avó, na serra, fato que o agradou até o ponto de seguir os passos da velha guerreira. Agora eram os dois.
Recomeçavam o jornal, que outrora inspirou gerações a se manterem firmes contra o sistema. Hoje, uma semana antes de sua formatura, começava a escrever um livro,desejava navegar por águas que sua avó não pode, explorar um novo mundo de palavras: a literatura e a poesia.
Carregado de ensinamentos de sua heroína, manuseia as folhas com cuidado. Dedilha as notas de uma velha máquina de escrever. Ainda com esses pensamentos, se pergunta porque é tão diferente dos demais, nunca entendera seu destino, mas o abraça como um náufrago abraça um pedaço de madeira num mar aberto de possibilidades.
"Torna-te quem tu és!" Lera em um dos livros preferidos de sua avó. E era isso que sempre almejou, que persegue com a determinação de um lutador no último round. Deseja viver o absoluto e, fazer de sua vida, uma obra de arte, para que seus filhos - seu maior sonho - possam ter orgulho do pai guerreiro.
O que não sabe, é que a luta esta apenas começando. Seu futuro, incerto, é de resistência a um novo sistema, ele, e tantos seguidores, a voz profética em um mundo de ditadura. Não terá filhos, mas isso não o impede de gerar esperança no coração da geração futura. Assim como sua avó, inspirará toda uma nação.
É sempre assim, suspira a velha antes de pegar no sono, os humilhados sempre serão exaltados, ainda que noutro tempo.
E o tempo, esse sim, revela quem são os verdadeiros guerreiros.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O menino e seu tigre

Metais torcidos
Confundido entre as marés

Apanham da velha Mãe
Travessuras castigadas
Levam porradas toda manhã

Renasce espírito inabalável
Qual destino findável
Onde a Paz resiste outrora

Um menino e seu tigre
Seu Zahir poderoso
Prende-se a vida
Entre a vida e a morte

À deriva no infinito
Vê o universo bendito
Qual Khrisna engolira
Em seu caderno jaz escrito

Espera por Deus
No silêncio o encontra
Qual Jó desiludido
Faz-se na graça
Homem Rendido


As Aventuras de Pi

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Xingos

Merda!

                                       Todo dia

             Merda!

Balbuciava aos berros

                                      E toda vizinhança ouvia

Mal educado!

                     Diziam

              Vai morrer cedo!

                                        Torciam

Um dia cansou dali
Foi reclamar em outro lugar

A ironia não deixou barato

                     Queria vê-lo castigado


Ao passar por um espelho se espantou:

Merda!!!!!


                                              E ficou ali, no chão...

Esperando ser levado por um sapato desconhecido.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O voo do arbusto

Ora, como pode
                um arbusto querer voar?
Onde plantariam seus pés?
         Aqui na terra é seu lugar!
                         
Quem lhe meteu nos galhos
                 essa ideia de maluco
Por acaso, foi o velho espantalho?

Maldito boneco de palha
                 com os braços abertos
E olhos atentos
À dor de uma pequena árvore

O arbusto ficou dourado
                  de tanto sonhar
Ficou vazio e leve
Ficou alado

O arbusto inchou
                  levantou voo
Deu oi pro espantalho
Abraçou o céu

Lá na roça diziam
                  bem baixinho pra não escutarem
Que um dia um arbusto dourado voou

Lá na cidade recebeu um nome
                  um nome engraçado
Porque resolveu sair do chão
                                                 O chamaram de Balão!

Sono Paralelo

Acordei e dormi, finalmente!
                    Sair do sonho não é fácil
Principalmente quando se acorda demais...

Passa do ponto
                    Fica mal-passado
        Gorduroso

Dormir muito cansa
                  A gente precisa acordar de vez em quando
        Pra descansar

E quando não se sabe o que acordou?
                  Fica aquela sensação de vazio
         De mente muito cheia

cansada...

Hoje eu acordei...
                 Aí vi que era ontem
Voltei a dormir...

Quem sabe amanhã eu nunca acorde?



domingo, 6 de janeiro de 2013

Nosso Senhor

Hoje sonhei com Nosso Senhor
Era magro, alto, simples, negro
Era africano
Tinha o maior sorriso do mundo

Hoje sonhei com Nosso Senhor
Dava gosto de ficar perto

Hoje sonhei com Nosso Senhor
E com uma profecia
Falava dos outros
De quem busca no abismo

Por um momento a profecia cresceu
Ofuscou Nosso Senhor

Hoje sonhei com uma profecia
Interpretei do meu modo
Racista e egoísta
Mas aí lembrei:
Nosso Senhor também é dono dela

Fui perguntar a Nosso Senhor
Se só eu seria salvo
Se só os meus Ele amou

Hoje sonhei com Salvação
Meu Senhor respondeu:
"Meu filho! Não vivo sem eles!"
O Senhor me abraçou

Acordei com Nosso Senhor.

História universal

Dentro, Profundo
Escondido, O Mundo

Atravessa, inversa
Mente sã, Perversa

Ataca, Descobre
Pega, Mata, Morre

Supera, Melhora
Altera, Chora

A Perda, grande
A Recompensa, expande

O Nunca terminar
Pra sempre esperar...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O livro no céu

Já estava habituado a ouvir suas viagens. Eram amigos a muito tempo, e suas histórias eram sempre contadas a ele. Não que acreditasse ou desse muito crédito, mas fato era, que sentia uma admiração e uma pequena ponta de inveja pela mente de seu melhor amigo. Era uma história sobre o céu, ou melhor, do céu para nós, terráqueos. Uma história contada desde o começo do tempo e percebida por quase todos os povos antigos.
Uma possibilidade - como sempre dizia - uma ideia! Apenas isso! - E ainda bem - dizia o outro para si mesmo...

- Como assim? Quer dizer que o céu é um livro?

- Exatamente! E os astros, nuvens, e fenômenos são o alfabeto! É a linguagem escolhida pelos deuses (ou Deus) para se comunicar com os homens ou, pelo menos, é o que nossa imaginação pôde conceber!

- Sim, todos sabemos disso, que os antigos viam nos astros os seus deuses, de acordo com sua cultura, conte algo novo! - Ele riu, debochando como sempre, o que instigava o pensador a pensar ainda mais e se empolgar nas suas teorias. No fundo, ele queria realmente saber mais delas.

- Como nós, homens modernos, vemos os antigos? Não é senão, como povos primitivos que não entendiam muito de ciência e, portanto, limitados em seu saber sobre as coisas naturais? Quando olhamos para as pinturas e escritos antigos, estamos olhando com esses mesmos olhos que julgamos terem os antigos: os olhos da limitação. Vemos apenas o que nos está sendo mostrado, e a ciência e o progresso se encarregaram de imprimir isso em nossa mente. Nós perdemos nossa quarta dimensão, a dimensão da imaginação. Felizmente ela ainda ecoa na humanidade, ainda que bastante reprimida. Mas não os antigos! Esses viam também através do espelho da imaginação!
Imagine: Eles enxergavam o céu com uma simplicidade absurda, e antes de haver ciência, o que restava ao homem fazer para entender a linguagem da vida?

- A imaginação.

- Exatamente! O céu e as coisas intocáveis, eram entendidas, e não apenas explicadas, através da imaginação! Isso não é novidade também, eu sei, mas tente ser agora um homem antigo! O que vê ali no céu, onde meu dedo aponta?

- Se não me engano é Júpiter, ele foi encoberto pela lua a 4 dias.

- Eu comecei a reparar nele assim q o vi perto da lua, venho acompanhando sua órbita todos os dias que não tem nuvens. A umas 3 horas percebi um fato curioso que nunca tinha parado pra pensar: As estrelas se moveram mais rápido que ele, é lógico, já que ele está muito mais próximo da Terra que elas. Agora, olhe com os olhos antigos, como isso poderia aparecer a seus olhos?

- Parece uma estrela como qualquer outra, só que mais lenta.

- Certo, foi meio científico ainda, mas ta valendo. Não parece que ela aponta algo? Que nos dá uma direção? Só que precisamos esperar um dia inteiro para saber o caminho?

- É verdade! Poderia ter sido até mesmo, a estrela que guiou os 3 magos até belém!

- Agora você falou na minha língua!  A cada dia o céu nos conta uma história diferente e contínua. É como se fosse uma história em quadrinhos, só que sai um novo capitulo todos os dias, e os quadrinhos são pontos! Pois bem, e se os astros, como eu disse antes, não fossem os deuses propriamente ditos? Afinal, são apenas bolas e pontos. Não acredito que os antigos fossem tão cegos a ponto de afirmar que os próprios astros eram os deuses, e sim, representações deles para que nós, homens,  pudéssemos nos comunicar com eles. Isso faz muito sentido se vemos a tradição do corão, onde a primeira coisa que Alá criou, foi o alfabeto. Logo, aqueles pontos brilhantes, as duas bolas brilhantes, a manchas enorme que divide o céu, os aglomerados brilhantes e tantas outras coisas, foram as letras escolhidas pelos deuses para representarem a si mesmos e para contar histórias do passado, presente e futuro. Isso também vale para o Deus judaico. Olhe uma pequena história que acabei de inventar:
"Eu estava olhando a mãe lua a 4 dias e vi um ponto saindo dela, 3 dias atrás, o ponto estava em outro lugar, um pouco mais afastado  Hoje, mais ainda. Nunca tinha visto isso! Parece-me que a mãe-lua pariu um filho, que brilha muito e segue um caminho mais lento, mais tortuoso. O grande Deus gerou um filho na virgem mãe-lua e um filho se nos deu! Se seguirmos sua rota não o encontraremos encarnado na humanidade?"
Esse é um dos 3 reis magos que, estudando as estrelas como sempre fazia, percebeu uma nova história curiosa, assim como eu, a 4 dias!

- Quer dizer que tudo pode ser lido nas estrelas? Isso me parece esoterismo.

- Mas não foi assim que os mitos foram criados? Olhando as estrelas? Nosso erro é nos julgarmos mais sábios que os que vieram antes. O que digo, lembre-se, é apenas uma ideia.

- Tudo bem, continue.

- O que quero dizer com tudo isso, é que perdemos uma dimensão, pois a dimensão é a nossa perspectiva do universo. Nos restam 3 dimensões (isso é uma classificação minha, obviamente): Tempo, Espaço e Memória. Perdemos a Imaginação. Nossa mente "moderna" enxerga nessas 3 remanescentes. Tudo segue uma linha suscetiva (tempo) e se coloca no visível ou experimentável (espaço) e essas experiências são alocadas em lugares acessíveis ou não do cérebro (memória). Através da imaginação, temos a criatividade, onde são criadas coisas novas que se misturam com as outras 3 dimensões. Digamos que seja nossa "porção divina". O progresso tenta aniquilar essa dimensão a todo custo, pois ela nos ajuda a nos comunicar com Deus, seja através das estrelas ou qualquer outro meio. Me diga, qual o problema em sermos como crianças? Não é delas o Reino dos Céus? E pensar que eu e você já tivemos essa dimensão!

- Pra mim não parece que você cresceu muito! - Ele riu, agora, tomado por uma inveja absurda da imaginação do amigo.

Na areia

Meu amigo preste atenção
Nesta simples revelação:

Na areia passageira
Foi escrita bem ligeira
O mal que persegue essa nação

Pra nos lembrar que nada vale
Se prender nessa maldade
A palavra que vos falo
É a terrível vaidade!